terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Core competences sob a ótica de Prahalad e Hamel

Quem se identifica com o tema sabe muito bem. Não tem como se falar em core competences (ou competências essencais) sem citar o nome de Prahalad e Hamel e o artigo The Core Competence of the Corporation publicado pela Harvard Business Review em 1990. Apesar do artigo ter sido publicado há algum tempo, o mesmo traz assuntos pra lá de atuais.

Primeiramente, vamos diferenciar os conceitos existentes entre competências organizacionais e as essenciais. As competências organizacionais são aquelas necessárias para o desenvolvimento das atividades dentro das empresas. Já as competências essenciais são as competências capazes de diferenciar uma organização perante a concorrência e o mercado, uma vez que são difíceis de serem imitadas e promovem vantagem competitiva.

Mas como identificar as competências essenciais da sua empresa? Prahalad e Hamel afirmam que é possível identificá-las através dos seguintes questionamentos:
1)Por quanto tempo conseguiremos manter o nosso negócio se não controlarmos esta competência?
2) Quais oportunidades futuras poderemos perder se não tivermos esta competência?
3) Esta competência facilita o acesso para outros mercados?
4) Quais benefícios aos clientes giram em torno desta competência?

O atual ambiente de negócios tem exigido das empresas uma capacidade adaptativa fora do comum. Por essa razão, os autores defendem que para sobreviverem e terem sustentabilidade, as organizações precisam criar produtos e/ou serviços que os consumidores precisam, mas que nunca tinham imaginado. Segundo os estudiosos, a maioria das empresas opera com uma visão de curto prazo, onde o foco é competir pelo preço e pelo desempenho dos produtos que estão no mercado. O fator diferencial para estas empresas seria o desenvolvimento de uma visão de longo prazo traduzida pela busca do desenvolvimento de core competences capazes de promover o desenvolvimento de produtos inovadores de forma mais rápida que a concorrência.

Prahalad e Hamel trazem no artigo um exemplo bem didático sobre como atuam as competências organizacionais ao compará-las com uma grande árvore.

Ao imaginarmos uma árvore temos o tronco e o ramos maiores como os produtos principais. Os ramos menores representam as unidades de negócio. As folhas, flores e frutos são os produtos finais e o sistema radicular representa as core competences que têm a finalidade de sustentar, nutrir e estabilizar toda a organização. (Ver figura)

De fato, as competências essenciais representam a vida das empresas. Isto porque promovem a aprendizagem coletiva e se traduzem no envolvimento e no compromisso de se superar todos os obstáculos e limites impostos pelo ambiente externo através da junção das competências essenciais com as individuais de forma inovadora.

Além disso, os autores defendem que as core competences são fundamentais para o sucesso das organizações porque:
  • Envolvem muitos níveis de pessoas e todas as funções;
  • Não diminuem com o uso, pelo contrário, são fortalecidas quando são aplicadas e compartilhadas;
  • Fornecem acesso potencial para uma grande variedade de mercados.

Confira o artigo na íntegra (em inglês): http://faculty.fuqua.duke.edu/~charlesw/s591/Bocconi-Duke/Papers/C08/Prahalad_Hamel_1990.pdf